31 de jan. de 2010

lembranças seguras.

E aqui estava eu mais uma vez lamentando ter perdido um amor de verão que julgava ser grande demais para esquecer, nunca havia pensado em uma maneira para esquecer tudo aquilo senão por modos surreais, como mágica, ou talvez amnésia Infelizmente nenhuns desses modos se aplicaram a mim, sendo assim passei muitas noites em claro escrevendo sobre uma pessoa, sobre um dia, uma hora, e um momento que foram simplesmente únicos Por noites chorei e cultivei dentro de mim uma ferida que não se fechava algo que eu denominava incurável, algo que ia muito além da profundidade dos olhos dele, algo que doía só de pensar, algo que fazia com que as pessoas olhassem e sentissem pena do meu grande estado vulnerável. Deitava – me no sofá assistindo filmes de amores incondicionais, amores eternos, e como eu os desejava! Mais depois de um ano, depois de idas e vindas, tentativas fracassadas de esquece – lo, depois de ouvir e re – ouvir todas as músicas que haviam marcado aquele tempo, você veio. Não que você nunca estivesse ali, o problema foi eu perceber que você estava ali. Na verdade você sempre esteve ali, sempre. Desde a pré escola, sim eu me lembro bem, e quer saber? Eu gostava mesmo de você naquela época, para alguns algo bobo, amor de criança. Pra mim é mais que significativo, amor de criança é o mais puro dos sentimentos em meio ao solavanco que é a vida. Creio que amor pode tudo, mais o amor de uma criança pode muito mais! Te olhava correr pelo pátio da escola, observava tudo o que você fazia, as merendeiras diziam (apesar de você ser filho da professora), que eu não podia gostar de você, já que você não era garoto pra se gostar, o que no vocabulário delas quer dizer que você tinha energia e dava trabalho demais pra todas elas. O tempo passou, e como ele, você também. Veja, eu não disse que esqueci, somente quero dizer que você ficou em minha memória como algo inalcançável, uma parte da minha infância que não deu muito certo. Mas quando crescemos passei a simplesmente não te perceber, mais foi em uma noite de recordações com uma amiga que vi você. Você e seu sorriso, o mais doce, o mais tímido e gentil. Adoro classificar todos os garotos por sorrisos, e as características do seu com certeza são as melhores. E agora nessa sala escura, em meio ao mistério que a madrugada me proporciona vejo que talvez não seja tão coincidência o fato que você me puxou pelo braço nove anos depois em um pátio de escola pedindo por mais um beijo meu. E talvez não seja coincidência também que eu já estava completamente apaixonada por você e por teus olhares tímidos na hora do intervalo e a cada troca de aula. Gosto de me lembrar do frio na barriga quando o vi chegar à escola, era meu primeiro dia lá, e você chegou, nem me viu. Depois nossas classes eram vizinhas, e com isso nos víamos mais, nossos amigos começaram a falar coisas demais, coisas que te faziam ficar vermelho, roxo, ou como eu preferia dizer ‘’ MULTICOLORIDO ‘‘. Lembro-me quando tive que apresentar meu monólogo na tua sala, lembro da exatidão dos seus olhos ao encontrar os meus, e me lembro que você se sentava na segunda carteira, o que dificultava e muito quando eu tinha que me expressar, logo desmoronei quando teus amigos começaram a falar que você se parecia demais com o menino que eu estava descrevendo no monólogo, e então eu comecei a rir. A melhor parte foi quando tudo terminou você me aplaudiu, e disse que realmente o meu estava bem melhor que outro que já haviam apresentado, e eu lhe disse que era uma cópia barata do meu monólogo. Lembro quando você me prometeu viver duzentos anos, e me lembro quando você interrompeu a minha idéia de para sempre, só não lembro exatamente quando minhas feridas já haviam se curado. Só me lembro mais uma vez, que com o teu jeito tímido e sincero você disse que não dava mais, e disse isso me comparando com outro alguém. Depois disso, sonhei contigo praticamente todas as noites desde que deixamos de nos falar. E espero que continue. Assim te tenho na memória, te tenho comigo todas as noites. 27/01/2010

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